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24 de Abril de 2024

Uruguai: em um ano, 6.676 abortos seguros foram realizados e nenhuma morte registrada

Do total de abortos realizados no marco da nova lei, em apenas 50 casos (0,007%) houve complicações leves

há 10 anos

Publicado por Rafael Reis

Uruguai em um ano 6676 abortos seguros foram realizados e nenhuma morte registrada

Um balanço oficial do governo uruguaio informou que, no período de um ano de vigência da Lei de Interrupção da Gravidez (lei de aborto), foram realizados 6.676 abortos seguros – nenhuma mulher faleceu. Desde dezembro de 2012, as mulheres uruguaias podem realizar a interrupção da gravidez indesejada em segurança e na legalidade

Desta data até novembro de 2013, a média foi de 556 abortos por mês, um número próximo a 18 abortos por dia. Do total de abortos realizados no março da nova lei, em apenas 50 casos (0,007%) houve complicações leves. O único caso de morte foi o de uma mulher que realizou um aborto clandestino, fora de um centro de saúde, aparentemente usando uma agulha de crochê. Ela já teria chegado em estado grave ao hospital.

Segundo o Subsecretário de Saúde Pública, Leonel Briozzo, a tendência é que o número de abortos diminua ao longo do tempo. “O que nos indica é que a prática do aborto é segura, acessível e infrequente. O Uruguai tem uma taxa de nove interrupções da gravidez a cada mil mulheres entre 15 e 44 anos, o que de alguma maneira nos coloca nas posições mais baixas do mundo, inclusive mais baixa que os países da Europa Ocidental, que reportam 12 interrupções a cada mil mulheres”, destacou.

Do total de abortos, 41% foram realizados pelo setor público e 59% pelo setor privado. A maioria dos abortos aconteceu em Montevidéu, ao redor de 64%, enquanto que no interior do país foram registrados 36%.

Para a ex-senadora e atual presidenta da Frente Ampla, Mónica Xavier, os resultados da nova Lei de Interrupção da Gravidez são satisfatórios e não é chamativo o incremento do número de abortos neste primeiro ano de aplicação da lei.

“Quando promovíamos [a criação de] normas legais que regulassem a interrupção da gravidez com algumas condições, entendíamos que ia haver [no longo prazo] uma diminuição dos aborto, s que não ia ser registrada no início, mas sim com o tempo”, pelo fato de não havia registros oficiais sobre o número de abortos antes.

As mulheres adolescentes foram as que menos realizaram interrupções da gravidez, ao redor 18%, enquanto as mulheres adultas representaram 82% do total. Para Xavier, é necessário dar tempo para que haja confiança e maior respeito entre as mulheres e o sistema de saúde.

“De um dia para o outro, as pessoas não vão ter confiança para não serem estigmatizadas, questionadas em sua decisão, porque há toda uma aprendizagem mútua, desde o reconhecimento do direito até a melhor atenção, de qualidade, que devem fazer as equipes de saúde”, ressaltou Xavier.

Oposição

No entanto, o deputado Pablo Abdala, um dos opositores à nova lei, dúvida que o aborto clandestino tenha sido extinto. “Acredito que a clandestinidade segue ocorrendo livremente. Além disso, o aborto clandestino agora é feito com mais facilidade que antes; não é necessário ir a uma clínica para ter acesso aos comprimidos”, afirmou Abdala para o jornal El País.

Os resultados oficiais também demonstram que 6,3% das mulheres desistiram da ideia de abortar e continuaram com sua gravidez, após realizar as consultas com as equipes multidisciplinares. O baixo índice sugere que a maioria das mulheres chega aos centros de saúde já com uma decisão tomada.

Uruguai em um ano 6676 abortos seguros foram realizados e nenhuma morte registrada

Lei de aborto

A solicitação para a interrupção voluntária da gravidez pode ser feita até a 12ª semana de gestação. O período se amplia para 14 semanas em caso de estupro e não há restrições nos caso de má-formação do feto ou risco de vida para a mãe.

Antes, as pacientes devem passar por uma equipe multidisciplinar formada por um ginecologista, um psicólogo e um assistente social. Entre outras ações, eles conversam sobre a possibilidade de concluir a gravidez e dar a criança para adoção.

Posteriormente, há cinco dias para a reflexão. Depois, caso a vontade permaneça, é feito o aborto, farmacológico e seguindo os critérios recomendados pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

Uruguai em um ano 6676 abortos seguros foram realizados e nenhuma morte registrada


Fonte: http://bit.ly/1elsnRA

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43 Comentários

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É, me perdoem quem pensa ao contrário, mas na verdade foram registradas mortes sim, isto é, um total de 6.676, pois não é porque uma pelé separa o bebê do mundo exterior que ele já não tivesse vida e sentisse dores. Infelizmente, a humanidade caminha para esse rumo, onde o liberalismo exacerbado cada vez mais prega que coisas desse tipo são válidas e corretas. Que Deus tenha misericórdia de nós. continuar lendo

Se Deus existir, claro. Você acredita, e quer impor isso aos outros. Naturalmente você não come nada também, vive de ar, pois qualquer carne tem terminação nervosa, e dizem que até as folhas também sentem dor. continuar lendo

Deus como justificativa é rebaixar o debate. continuar lendo

Eu não justifiquei o debate com Deus, apenas o citei no final e realmente para quem acredita nele como eu, sim ele será o julgador final, pois mesmo que a lei permita, isso nada mais é do que um assassinato. Só pode hoje alguém defender o aborto porque seus pais não pensavam da mesma forma. Pense nisso... O fato da pelé estar dividindo a pessoa do mundo exterior não justifica que o matem e não quero impor nada a ninguém, só que o Código Penal diz que não podemos matar ninguém, pois é homicídio, sendo que o aborto é a mesma coisa, pois embora a pessoa não tenha nascido, está viva quando se aborta e isso, pra mim, é matar. continuar lendo

Que contradição essa. São 6.676 mortes e o texto diz que foi nenhuma. Em nome da modernidade o mundo está se tornando cada vez mais selvagem. O Uruguai já liberou a maconha e agora legaliza o aborto. Daqui a pouco o Brasil poderá seguir os mesmos passos, pois somos bons em copiar o lixo que se pratica lá fora. continuar lendo

Drogas e aborto é caso de Estado, não de polícia.
Já que os participantes adoram citar os "states", nos estados unidos maconha e aborto já são liberados na maioria dos estados.
Ninguém é a favor de aborto,mas,do direito de fazer (dentro das normas científicas até 03 meses não há atividade cerebral,ou seja, não há vida) .

P.S. Deus como justificativa é rebaixar o debate. continuar lendo

Se você, meu caro Jorge, acha que até três meses de vida o ser não sente dor, assista esse vídeo e veja uma criança com apenas 12 semanas de gestação fugir desesperadamente da mangueira de sucção abortiva e depois reflita nos seus pseudo conceitos científicos: Filme: O silencioso grito dos inocentes (completo e dublado) http://www.youtube.com/watch?v=T-cND3VXy-E continuar lendo

Na maioria dos países europeus o aborto é legalizado. E o Uruguai demonstra, na prática, o que boas políticas públicas podem fazer ao país. Sou mulher e sou a favor do aborto. É um problema complicado, pois vai além da concepção de vida e morte, é uma questão social. No Brasil temos uma população, em sua grande maioria (e incluindo as mulheres), machista. As mulheres não tem direito a pensar ou opinar o que podem fazer com seu corpo. Para os homens, de maneira geral, é fácil ser contra o aborto, afinal, poucos são aqueles que, verdadeiramente, cuidam dos filhos, e estão presentes, e não digo apenas financeiramente (se é que isso acontece). Muitas mulheres se encontram sozinhas, desamparadas e desesperadas. O Brasil é contrário ao aborto mas números exorbitantes de crianças abandonadas, adolescentes nas ruas, destituições do poder familiar etc. Outro dado que é importante, mas que não é divulgado, ou não querem divulgar, é o número de mulheres que morrem por causa de aborto clandestinos/caseiros no Brasil. Digite em qualquer site de busca: "aborto caseiro", "pilula abortiva", "como abortar". O número de respostas é impressionante!!! O problema é que tampamos o sol com a peneira dizendo não ao aborto, enquanto ele ocorre aos borbotões! Fora os casos de abandono e negligência. Sou sincera em dizer que não faria um aborto (a não ser em caso de violência sexual), entretanto acredito deve ser concedido esse direito a mulher. Ela deve decidir se quer levar a gestação adiante ou não, deve ser atendida por uma equipe multidisciplinar, como ocorre no Uruguai e nos países europeus e ter a chance de tomar essa decisão. Outro fato importante é que ocorreram 6.676 abortos legalizados, esses abortos não teriam deixado de acontecer se o aborto não fosse legalizado a diferença é que a maioria das mulheres teria corrido risco de vida e 449 abortos que foram evitados (6,3% das mulheres desistiram da ideia de abortar) provavelmente teriam ocorrido. continuar lendo

Defendo toda liberdade pra que a mulher faça o que desejar com seu próprio corpo, mas não, pára, um filho NÃO É parte do seu corpo, biologicamente ele depende da mãe em uma forma de parasitismo até o nascimento.

Quer dizer que enquanto ela tem uma vida sexualmente liberal, o que fizer com o corpo é problema dela, o que desejar fazer com o feto/embrião depois de engravidar é problema do estado?

É ou não é, decida-se. continuar lendo

Respeitando as opiniões contrarias, cabe aqui uma frase para reflexão: Ninguem, deve desejar ao outro o que não teve para si. Ademais, o aborto não tem o condão de resolver as questões sociais que o país enfrenta. Estas devem ser equacionadas e enfrentadas com seriedade. Cabe sim a responsabilidade aos governantes, que esbanjam recursos em coisas supérfluas e esquecem das promessas de campanha. continuar lendo

Nenhuma morte, é muita banalização da vida. Ainda bem que isso não acontecerá no Brasil. continuar lendo