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18 de Abril de 2024

Imprensa amadureceu após o caso Escola Base, aponta debate

há 10 anos

Imprensa amadureceu aps o caso Escola Base aponta debate

A imprensa amadureceu após o caso Escola Base, que completa 20 anos nesta semana. Esta é a principal conclusão da ombudsman da Folha, Suzana Singer, em seminário realizado anteontem para toda a Redação, na sede do jornal, em São Paulo.

O episódio, que consistiu na divulgação de denúncias de abuso sexual de crianças da Escola de Educação Infantil Base, no bairro da Aclimação, na capital paulista, ficou conhecido como um dos mais marcantes erros cometidos pela imprensa.

A partir de acusações precipitadas, feitas por um delegado de polícia e reproduzidas amplamente na imprensa, a escola foi depredada e depois fechou.

O objetivo do seminário, aberto a todos os jornalistas da Redação, foi discutir o tratamento dado ao episódio pelos veículos de comunicação e como o caso mudou as práticas de apuração de reportagens semelhantes.

Na época, Suzana era editora do caderno "Cotidiano" da Folha, que noticiou a investigação policial.

Para Suzana e outros jornalistas presentes, a mídia está mais preocupada em preservar a identidade de crianças em temas sensíveis e em checar declarações e informações de autoridades.

Mas, durante o debate, também houve consenso em apontar que o aperfeiçoamento desses mecanismos de apuração não livrou a imprensa de erros, ainda que ocorram em menor escala.

Imprensa amadureceu aps o caso Escola Base aponta debate

Editoria de Arte/Folhapress

O caso

A primeira notícia sobre a Escola Base foi veiculada em 29 de março de 1994, em reportagem do "Jornal Nacional", da Rede Globo.

A história veio à tona após duas mães procurarem uma delegacia queixando-se de que seus filhos, de 4 anos, haviam sido vítimas de abuso.

Elas acusaram os proprietários da escola -Icushiro Shimada e Maria Aparecida Shimada- de abuso sexual de crianças.

Também foram citados o perueiro Maurício Alvarenga, e sua mulher, Paula Milhem, professora e sócia da escola, e o casal Saulo da Costa Nunes e Mara Cristina França Nunes, pais de um aluno.

Com exceção do extinto jornal "Diário Popular", que desconfiou da investigação policial, toda a imprensa noticiou o caso dando a ele grande destaque.

Dias depois, o inquérito foi arquivado por falta de provas e todos os acusados foram inocentados.

Em 2003, os proprietários da Escola Base ajuizaram ações judiciais de indenização contra o governo do Estado e empresas de comunicação, alegando terem sofrido "linchamento moral".

Em várias decisões, a Justiça entendeu que houve omissão ou negligência da imprensa na averiguação das informações oficiais.

Para Suzana, um dos grandes erros da imprensa foi confiar demais nos dados fornecidos pela polícia. A ombudsman citou como exemplo o laudo preliminar do IML (Instituto Médico Legal), um telex divulgado pelo delegado Edélcio Lemos.

O documento indicava que uma das crianças tinha lesões anais compatíveis com "atos libidinosos". Dias depois, o IML produziu o laudo final, que era inconclusivo.

As lesões poderiam ser resultado de abusos, mas também ter sido provocadas por problemas intestinais.

'Frieza'

Durante a investigação, canais de TV veicularam entrevistas com supostas vítimas, mal cobrindo seus rostos.

Suzana observou que hoje a imprensa dá mais atenção ao ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), conjunto de leis para proteger menores de idade. Após o caso, cresceu na mídia o respeito ao estatuto, evitando a exposição dos jovens.

Durante o debate, jornalistas disseram que um possível caminho para evitar injustiças contra acusados de crimes é "manter a frieza mesmo diante de fatos chocantes", como abuso sexual de crianças ou assassinatos.


Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/03/1432195-imprensa-amadureceu-aposocaso-escola-base-a...

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