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24 de Abril de 2024

E se reduzirmos a jornada trabalhista para 6 horas?

Gotemburgo começará uma experiência para saber se trabalhar 6 horas por dia é mais benéfico para a produtividade, a saúde e a felicidade dos trabalhadores

há 10 anos

Publicado por Carmen López

E se reduzirmos a jornada trabalhista para 6 horas

O debate não é novo, mas foram os suecos que se decidiram a provar sua eficácia: Gotemburgo (a segunda cidade em importância da Suécia) fará um experimento para constatar o sucesso ou o fracasso da redução da jornada trabalhista para 6 horas diárias, segundo declarou Mats Pilhem, conselheiro da prefeitura e pertencente ao Partido da Esquerda, ao jornal sueco The Local.

A proposta do ensaio é simples: a metade dos funcionários da prefeitura manterão sua jornada habitual de quarenta horas semanais enquanto a outra metade desenvolverão uma jornada diária de 6 horas. Todos os trabalhadores ganharão o mesmo salário (é provável que os do segundo grupo estejam esfregando as mãos neste momento pensando no tamanho de sua sorte). Dentro de um ano serão avaliados os resultados do estudo para decidir que tipo de horário é mais benéfico para a sociedade de modo geral. “Esperamos que os trabalhadores de nosso modelo tenham menos dias de baixa por doença e se sintam melhor física e mentalmente após ter jornadas trabalhistas mais curtas”, explicou Pilhem.

A prova da redução da carga horária da jornada trabalhista obteve mais vezes resultados irregulares. Pilhem em suas declarações faz alusão a uma fábrica automobilística da própria cidade que obteve conclusões positivas. Seus opositores, no entanto, lembram o caso da cidade de Kiruna, que depois de dezesseis anos com a jornada reduzida decidiu voltar à jornada original por motivos econômicos e de saúde.

Seja como for, o que evidencia a decisão das autoridades suecas é a preocupação europeia com a duração das jornadas trabalhistas, que causam problemas que vão desde a conciliação trabalhista e familiar até à produtividade e eficiência das empresas. Há apenas algumas semanas, a França anunciou que engenheiros e consultores eram obrigados a desligar seus celulares e dispositivos eletrônicos corporativos durante 11 horas por dia para tentar acabar assim com as jornadas trabalhistas intermináveis. Isto é, desligar o computador e o celular do trabalho e esquecer deles até a manhã seguinte, uma ação que para muitos e muitas é inimaginável nos dias de hoje.

E se reduzirmos a jornada trabalhista para 6 horas

Na Espanha, o problema é quase maior devido aos horários que, por si só, já são estendidos, e à cultura do “presentismo” trabalhista que impera na sociedade há alguns anos e é agravada por fatores como a crise. No entanto, alguns setores começaram a criar iniciativas para que os horários de trabalho sejam moldados de modo que haja uma melhoria na vida social e familiar das pessoas. É o caso, por exemplo, da Associação para a Racionalização dos Horários Espanhóis (ARHOE) cujo manifesto defende por “uma profunda modificação dos horários na Espanha, que nos ajude a ser mais felizes, a ter mais qualidade de vida e a ser mais produtivos e competitivos.”

Um dos objetivos do manifesto é favorecer a igualdade entre o homem e a mulher, já que as jornadas trabalhistas que são maratonas afetam especialmente às mulheres. De fato, o partido político sueco Iniciativa Feminista, é um dos principais defensores do experimento da redução das horas de trabalho já que fará a vida trabalhista bem mais acessível às mulheres com filhos. Até o momento, as medidas que estavam sendo tomadas pareciam encaminhadas a adaptar a vida pessoal e familiar com o trabalho (com a extensão dos horários dos colégios, por exemplo) mas parece que as coisas começam a mudar, ao menos no resto de Europa. Do resultado do experimento de Gotemburgo pode ser que possam extrair os roteiros para avançar na direção adequada para a verdadeira conciliação.


Fonte: http://brasil.elpais.com/brasil/2014/04/28/sociedad/1398704038_935385.html

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Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/e-se-reduzirmos-a-jornada-trabalhista-para-6-horas/117937932

18 Comentários

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Não acredito que o Brasil não possa ter uma carga horária assim, pois acredito que a produtividade das pessoas aumenta de acordo com o descanso mental, psicológico e com o nível de "felicidade" da pessoa.
Se as pessoas tivessem mais tempo para se dedicarem a família, a esportes e a hobbies que fazem bem a elas mesmas, com toda certeza isto seria refletido positivamente no resultado do trabalho.

Apoio a experiência e espero que dê certo. continuar lendo

Apoio a experiência, espero que dê certo e espero que venha para o Brasil em alguns "poucos anos". continuar lendo

Jornada de trabalho com carga horária de 6 horas, dá muito certo, particularmente eu já trabalhei neste sistema durante 6 anos à partir de 1988, na indústria que por coincidência era sueca e comandada também por suecos, e digo que as relações trabalhistas com eles está anos luz a frente do empresariado brasileiro; para o pessoal operacional que trabalha em turno de revezamento é a melhor carga horária.
Quanto a produtividade, foram batidos 3 recordes de produção já no 1º ano de operação da planta, com operadores brasileiros, portanto temos operadores com alta produtividade..... continuar lendo

Me parece que a experiência já começa errada pois está desconsiderando a influência da inveja humana.

Como que um grupo trabalhando 6h e ganhando 100% e outro trabalhando 8h e ganhando os mesmos 100% já não tende a dizer que os primeiros estarão mais satisfeitos? continuar lendo

Importante análise, bem fundamentada e que merece a apreciação por parte dos legisladores, empresários e autoridades deste país. Da minha parte acredito ser mais eficiente e saudável a adoção da jornada corrida de 6h00.

Hélio continuar lendo